terça-feira, 28 de maio de 2013

Soneto II

SONETO II

Já imóvel na luz, porém dançante
teu movimento na quietude que cria
na cimeira da vertigem se alia,
detendo, não ao voo, sim ao instante.

Chama que não se verte, já diamante,
sedento resplendor que não esfria
a si mesmo se queima noite e dia,
de cinzas e fogo equidistante.

Espada, língua, incêndio cinzelado,
minha sede nem suspende nem a mata,
gelada luz, luzeiro ensimesmado,

relâmpago sedento que desata
as geométricas vozes, ternura
com que fixo tua dança em escultura.

Octavio Paz
         Tradução de Antonio Miranda




SONETO II

Inmóvil en la luz, pero danzante,
tu movimento a la quietude que cria
em la cima del vértigo se alía,
deteniendo, no al vuelo, si al instante.

Llama que no se vierte, ya diamante,
sediento resplandor que no se enfría
y a sí mismo se quema noche y día,
de cenizas y fuego equidistante.

Espada, lengua, incêndio cinzelado,
que ni mi sed suspende ni la mata,
helada luz, lucero ensimesmado,

relâmpago sediento que desata
mis geométricas vocês, la ternura
com que fijo tu danza em escultura.

Octavio Paz
                 (De Orilla del Mundo, 1942)

Nenhum comentário: