domingo, 31 de julho de 2011

Quem vê, Senhora, claro e manifesto

Quem vê, Senhora, claro e manifesto
O lindo ser de vossos olhos belos,
Se não perder de vista só em vê-los,
Já não paga o que deve a vosso gesto.

Este me parecia preço honesto;
Mas eu, por de vantagem merecê-los,
Dei mais a vida e alma por querê-los,
Donde já não me fica mais de resto.

Assim que a vida e alma e esperança,
E tudo quanto tenho, tudo é vosso,
E o proveito disso eu só o levo.

Porque é tamanha bem-aventurança
O dar-vos quanto tenho e quanto posso,
Que, quanto mais vos pago, mais vos devo.

sábado, 9 de julho de 2011

Campo

A tarde está morrendo
como uma fogueira humilde que se apaga.

Além, sobre os montes,
restam algumas brasas.

E essa árvore rota no caminho branco,
faz chorar de pena.

Dois ramos no tronco ferido, e uma
folha murcha e negra em cada ramo!

Choras? ... Entre álamos de ouro,
longe, a sombra do amor te aguarda.

Antonio Machado
Tradução de Antonio Miranda

La tarde está muriendo
como un hogar humilde que se apaga.


Allá sobre los montes,
quedan algunas brasas.


Y ese árbol roto en el camino blanco,
hace llorar de lástima.


¡Dos ramas en el tronco herido, y una
hoja marchita y negra en cada rama!


¿Lloras?... Entre los álamos de oro,
lejos, la sombra del amor te aguarda.


Antonio Machado