Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
Augusto dos Anjos
2 comentários:
Opa tudo bem?
Eu digitei no google, fábula de Kafka, procurando a fábula do gato e rato para postar no meu blog. Aí ele linkou ao seu blog.
Gostei muito das seleções de poemas que você fez. Muitos que eu li foram os que de fato me marcaram e acredito que tenho muito o que descobrir lendo sua seleção.
O formato também é bem legal, objetivo, prático e sem postagem longas.
Gostei mesmo vou acompanhar.
Brigado, fico feliz que minha seleção ajude a divulgar a boa poesia
forte abraço
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