domingo, 29 de novembro de 2009

MADEMOISELLE FURTA-COR

Por esta fresta te espreito
Por esta fenda te desvendo
Por esta fresta
                        cravo
sonda contra esponja
e babo
                         e te penetro
teso e reto, e por inteiro
o teu corpo se entreabre:
porta e perno, caixa e coxa

Por esta fenda
                                                tenda
de pele que se franze
e rasga
                       eu me adentro
feito de espera e de esperma
e espremo —te aporto— e exprimo
toda a cor da carne do amor que escrevo.

Por esta fenda me espreito
Por esta fenda me desvendo.


Armando Freitas Filho


De A mão livre (1979)

Um comentário:

gentil carioca disse...

Eu AMO esse poema!!!!!!
Thanks.