Aqueles que acham um problema
Quando refaço algum poema
Saibam por que problema eu passo:
É a mim mesmo que refaço.
(Tradução de Antonio Cícero)
The friends that have it I do wrong
Whenever I remake a song
Should know what issue is at stake
It is myself that I remake.
YEATS, W.B. The collected works in verse and prose. Vol.2, Epigraph. London: Chapman and Hall Ltd., 1908
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sexta-feira, 27 de março de 2009
quinta-feira, 26 de março de 2009
Quando fores bem velha
Quando fores bem velha
Quando fores bem velha, à noite, á luz da vela
Junto ao fogo do lar, dobando o fio e fiando,
Dirás, ao recitar meus versos e pasmando:
Ronsard me celebrou no tempo em que fui bela.
E entre as servas então não ha de haver aquela
Que, já sob o labor do dia dormitando,
Se o meu nome escutar não vá logo acordando
E abençoando o esplendor que o teu nome revela.
Sob a terra eu irei, fantasma silencioso,
Entre as sombras sem fim procurando repouso:
E em tua casa irás, velhinha combalida,
Chorando o meu amor e o teu cruel desdém.
Vive sem esperar pelo dia que vem;
Colhe hoje, desde já, colhe as rosas da vida.
(Tradução de Guilherme de Almeida)
Quando vous serez bien vieille
Quand vous serez bien vieille, au soir à la chandelle,
Assise auprès du feu, dévidant et filant,
Direz chantant mes vers, en vous émerveillant :
« Ronsard me célébrait du temps que j'étais belle. »
Lors vous n'aurez servante oyant telle nouvelle,
Déjà sous le labeur à demi sommeillant,
Qui au bruit de mon nom ne s'aille réveillant,
Bénissant votre nom, de louange immortelle.
Je serai sous la terre et, fantôme sans os,
Par les ombres myrteux je prendrai mon repos ;
Vous serez au foyer une vieille accroupie,
Regrettant mon amour et votre fier dédain.
Vivez, si m'en croyez, n'attendez à demain :
Cueillez dès aujourd'hui les roses de la vie.
Pierre de Ronsard
Quando fores bem velha, à noite, á luz da vela
Junto ao fogo do lar, dobando o fio e fiando,
Dirás, ao recitar meus versos e pasmando:
Ronsard me celebrou no tempo em que fui bela.
E entre as servas então não ha de haver aquela
Que, já sob o labor do dia dormitando,
Se o meu nome escutar não vá logo acordando
E abençoando o esplendor que o teu nome revela.
Sob a terra eu irei, fantasma silencioso,
Entre as sombras sem fim procurando repouso:
E em tua casa irás, velhinha combalida,
Chorando o meu amor e o teu cruel desdém.
Vive sem esperar pelo dia que vem;
Colhe hoje, desde já, colhe as rosas da vida.
(Tradução de Guilherme de Almeida)
Quando vous serez bien vieille
Quand vous serez bien vieille, au soir à la chandelle,
Assise auprès du feu, dévidant et filant,
Direz chantant mes vers, en vous émerveillant :
« Ronsard me célébrait du temps que j'étais belle. »
Lors vous n'aurez servante oyant telle nouvelle,
Déjà sous le labeur à demi sommeillant,
Qui au bruit de mon nom ne s'aille réveillant,
Bénissant votre nom, de louange immortelle.
Je serai sous la terre et, fantôme sans os,
Par les ombres myrteux je prendrai mon repos ;
Vous serez au foyer une vieille accroupie,
Regrettant mon amour et votre fier dédain.
Vivez, si m'en croyez, n'attendez à demain :
Cueillez dès aujourd'hui les roses de la vie.
Pierre de Ronsard
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Ronsard,
Tradutor Guilherme de Almeida
terça-feira, 10 de março de 2009
Ausência
Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua
Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua
Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.
Sophia de Mello Breyner Andresen
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Sophia de M B Andresen
quinta-feira, 5 de março de 2009
A apaixonada
Falar sem ter nada a dizer
A apaixonada
Ela está de pé sobre minhas pálpebras
E seus cabelos estão nos meus,
Ela tem a forma de minhas mãos,
Ela tem a cor de meus olhos.
Ela some no meu ombro
Como uma pedra some no céu.
Ela tem sempre os olhos abertos
E não me deixa dormir.
Seus sonhos em plena luz
Fazem evaporar os astros,
Me faz rir, chorar e rir,
Falar sem ter nada a dizer.
Tradução de João Alexandre Sartorelli
L'amoureuse
Elle est debout sur mes paupières
Et ses cheveux sont dans les miens,
Elle a la forme de mes mains,
Elle a la couleur de mes yeux,
Elle s'engloutit dans mon ombre
Comme une pierre sur le ciel.
Elle a toujours les yeux ouverts
Et ne me laisse pas dormir.
Ses rêves en pleine lumière
Font s'évaporer les soleils,
Me font rire, pleurer et rire,
Parler sans avoir rien à dire
Paul Éluard
A apaixonada
Ela está de pé sobre minhas pálpebras
E seus cabelos estão nos meus,
Ela tem a forma de minhas mãos,
Ela tem a cor de meus olhos.
Ela some no meu ombro
Como uma pedra some no céu.
Ela tem sempre os olhos abertos
E não me deixa dormir.
Seus sonhos em plena luz
Fazem evaporar os astros,
Me faz rir, chorar e rir,
Falar sem ter nada a dizer.
Tradução de João Alexandre Sartorelli
L'amoureuse
Elle est debout sur mes paupières
Et ses cheveux sont dans les miens,
Elle a la forme de mes mains,
Elle a la couleur de mes yeux,
Elle s'engloutit dans mon ombre
Comme une pierre sur le ciel.
Elle a toujours les yeux ouverts
Et ne me laisse pas dormir.
Ses rêves en pleine lumière
Font s'évaporer les soleils,
Me font rire, pleurer et rire,
Parler sans avoir rien à dire
Paul Éluard
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quarta-feira, 4 de março de 2009
Ver o mundo em um grão de areia
Ver o mundo em um grão de areia
E o céu numa flor selvagem.
Pegar o infinito na palma de sua mão
E a eternidade em uma hora
Tradução de João Alexandre Sartorelli
To see a world in a grain of sand
And a heaven in a wild flower,
Hold infinity in the palm of your hand
And eternity in an hour
William Blake
E o céu numa flor selvagem.
Pegar o infinito na palma de sua mão
E a eternidade em uma hora
Tradução de João Alexandre Sartorelli
To see a world in a grain of sand
And a heaven in a wild flower,
Hold infinity in the palm of your hand
And eternity in an hour
William Blake
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William Blake
terça-feira, 3 de março de 2009
Fica, fica comigo
Fica, fica comigo,
Novelos estrangeiro, doce amor,
Propício doce amor,
E não deixes a alma não!
Ah, como outros, como bem
Vive o céu, vive a Terra,
Oh como sinto, como sinto
Esta paixão primeira.
Tradução de João Alexandre Sartorelli
Bleibe, bleibe bei mir,
Holder Fremdling, süße Liebe,
Holde süße Liebe,
Und verlasse die Seele nicht!
Ach, wie anders, wie schön
Lebt der Himmel, lebt die Erde,
Ach, wie fühl ich, wie fühl ich
Dieses Leben zum erstenmal!
Goethe
Novelos estrangeiro, doce amor,
Propício doce amor,
E não deixes a alma não!
Ah, como outros, como bem
Vive o céu, vive a Terra,
Oh como sinto, como sinto
Esta paixão primeira.
Tradução de João Alexandre Sartorelli
Bleibe, bleibe bei mir,
Holder Fremdling, süße Liebe,
Holde süße Liebe,
Und verlasse die Seele nicht!
Ach, wie anders, wie schön
Lebt der Himmel, lebt die Erde,
Ach, wie fühl ich, wie fühl ich
Dieses Leben zum erstenmal!
Goethe
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segunda-feira, 2 de março de 2009
Tu crês nas cartas lançadas
Tu crês nas cartas lançadas,
Nos presságios, em qualquer jogo:
Mas eu não creio senão que em teus grandes olhos.
Tu crês em conta de fadas,
Em dias nefastos, em cantigas
Mas em não creio senão que em tuas mentiras.
Tu crês num vago Deus,
Em qualquer santo especial,
Ou num bem velho contra este mal.
Eu não creio senão nas horas azuis
E nas rosas com que me encantas
Na volúpia das noites brancas !
E se é profundo o que senti
Avesso de tudo em que creio
É porque vivo só para ti.
Tradução de João Alexandre Sartorelli
Tu crois au marc de café,
Aux présages, aux grands jeux :
Moi je ne crois qu'en tes grands yeux.
Tu crois aux contes de fées,
Aux jours néfastes, aux songes.
Moi je ne crois qu'en tes mensonges.
Tu crois en un vague Dieu,
En quelque saint spécial,
En tel Ave contre tel mal.
Je ne crois qu'aux heures bleues
Et roses que tu m'épanches
Dans la volupté des nuits blanches !
Et si profonde est ma foi
Envers tout ce que je crois
Que je ne vis plus que pour toi.
Verlaine
Nos presságios, em qualquer jogo:
Mas eu não creio senão que em teus grandes olhos.
Tu crês em conta de fadas,
Em dias nefastos, em cantigas
Mas em não creio senão que em tuas mentiras.
Tu crês num vago Deus,
Em qualquer santo especial,
Ou num bem velho contra este mal.
Eu não creio senão nas horas azuis
E nas rosas com que me encantas
Na volúpia das noites brancas !
E se é profundo o que senti
Avesso de tudo em que creio
É porque vivo só para ti.
Tradução de João Alexandre Sartorelli
Tu crois au marc de café,
Aux présages, aux grands jeux :
Moi je ne crois qu'en tes grands yeux.
Tu crois aux contes de fées,
Aux jours néfastes, aux songes.
Moi je ne crois qu'en tes mensonges.
Tu crois en un vague Dieu,
En quelque saint spécial,
En tel Ave contre tel mal.
Je ne crois qu'aux heures bleues
Et roses que tu m'épanches
Dans la volupté des nuits blanches !
Et si profonde est ma foi
Envers tout ce que je crois
Que je ne vis plus que pour toi.
Verlaine
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