terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Explicação do Amor

        O amor em seu próprio corpo
        recebe os cacos que lança:
        Diálogo de briga ou rinha
        em tom de magia branca.

        O amor, o dos amantes,
        é sangue da cor de crista:
        Coagula insensivelmente
        nas polifaces de um prisma.

        O amor nunca barganha,
        que trocar não é seu fraco:
        Recebe sempre entornado
        como a concha de um prato.

        Amor não mata: previne
        o que vem depois do susto:
        Modela o aço e o braço
        que vão suportar o muro.

        O amor desconhece amor
        sem ter crueza por gosto:
        Contempla-se diante do espelho
        sem nunca ver o outro rosto.

Cacaso
(Antônio Carlos Ferreira de Brito)

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