segunda-feira, 11 de agosto de 2008

O Colosso

The Colossus - Sylvia Plath.

O Colosso

I shall never get you put together entirely,
Pieced, glued, and properly jointed.
Mule-bray, pig-grunt and bawdy cackles
Proceed from your great lips.
It´s worse than a barnyard.
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Eu nunca vou conseguir juntar você inteiramente,
Encaixado, colado, e propriamente ajustado.
Mula-zurro, porco-grunhido e indecentes cacarejos
Procedem de seus lábios grandes.
É pior que um quintal de fazenda.
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Perhaps you consider yourself an oracle,
Mouthpiece of the dead, or of some god or other.
Thirty years now I have labored
To dredge the silt from your throat.
I am none the wiser.
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Talvez você se considere um oráculo,
Bocal dos mortos, ou de algum deus ou outro.
Trinta anos já eu tenho labutado
Para dragar o lodo de sua garganta.
Não estou sequer mais sábia.
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Scaling little ladders with gluepots and pails of lysol
I crawl like an ant in mourning
Over the weedy acres of your brow
To mend the immense skull plates and clear
The bald, white tumuli of your eyes.
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Escalando escadinhas com tubos de cola e vasilhas
Eu rastejo como uma formiga em luto
Sobre os acres ervinhados de sua fronte
Para restaurar as imensas placas cranianas e limpar
Os calvos, brancos túmulos dos seus olhos.
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A blue sky out of the Oresteia
Arches above us. O father, all by yourself
You are pithy and historical as the Roman Forum.
I open my lunch on a hill of black cypress.
Your fluted bones and acanthine hair are littered

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Um céu azul saído da Orestéia
Ergue-se em arco sobre nós. Ó pai, por si só
Você é pujante e histórico como o Fórum Romano.
Inauguro meu almoço numa colina de ciprestes pretos.
Seus ossos aflautados e cabelos de acantina entulham-se
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In their old anarchy to the horizon-line.
It would take more than a lightning-stroke
To create such a ruin.
Nights, I squat in the cornucopia
Of your left ear, out of the wind,

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Na velha anarquia deles até a linha do horizonte.
Seria necessário mais que a queda de um raio
Para criar tal ruína.
Noites, eu me agacho na cornucópia
De sua orelha esquerda, fora do vento,
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Counting the red stars and those of plum-color.
The sun rises under the pillar of your tongue.
My hours are married to shadow.
No longer do I listen for the scrape of a keel
On the blank stones of the landing.

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Contando as estrelas vermelhas e as cor-de-ameixa.
O sol se levanta sob o pilar de sua língua.
Minhas horas estão casadas com a sombra.
Não me ponho mais a escutar um arranhar de quilha
Nas pedras vazias do atracadouro.
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Sylvia Plath (1960)
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Versão colossal: Ivan Justen Santana

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