quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Envoi

Vai, livro natimudo,
E diz a ela
Que um dia me cantou essa canção de Lawes:
Houvesse em nós
Mais canção, menos temas,
Então se acabariam minhas penas,
Meus defeitos sanados em poemas
Para fazê-la eterna em minha voz

Diz a ela que espalha
Tais tesouros no ar,
Sem querer nada mais além de dar
Vida ao momento,
Que eu lhes ordenaria: vivam,
Quais rosas, no âmbar mágico, a compor,
Rubribordadas de ouro, só
Uma substância e cor
Desafiando o tempo.

Diz a ela que vai
Com a canção nos lábios
Mas não canta a canção e ignora
Quem a fez, que talvez uma outra boca
Tão bela quanto a dela
Em novas eras há de ter aos pés
Os que a adoram agora,
Quando os nossos dois pós
Com o de Waller se deponham, mudos,
No olvido que refina a todos nós,
Até que a mutação apague tudo
Salvo a Beleza, a sós.

Ezra Pound
(Tradução de Augusto de Campos)

Envoi


Go, dumb-born book,
Tell her that sang me once that song of Lawes:
Hadst thou but song
As thou hast subjects known,
Then were there cause in thee that should condone
Even my faults that heavy upon me lie,
And build her glories their longevity.

Tell her that sheds
Such treasure in the air,
Recking naught else but that her graces give
Life to the moment,
I would bid them live
As roses might, in magic amber laid,
Red overwrought with orange and all made
One substance and one color
Braving time.

Tell her that goes
With song upon her lips
But sings not out the song, nor knows
The maker of it, some other mouth
May be as fair as hers,
Might, in new ages, gain her worshippers,
When our two dusts with Waller’s shall be laid,
Siftings on siftings in oblivion,
Till change hath broken down
All things save beauty alone.

Ezra Pound

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O Verão e as Mulheres

O Verão e as Mulheres
Rubem Braga

Talvez tenha acabado o verão. Há um grande vento frio cavalgando as ondas, mas o céu está limpo e o sol é muito claro. Duas aves dançam sobre as espumas assanhadas. As cigarras não cantam mais. Talvez tenha acabado o verão.

Estamos tranqüilos. Fizemos este verão com paciência e firmeza, como os veteranos fazem a guerra. Estivemos atentos à lua e ao mar; suamos nosso corpo; contemplamos as evoluções de nossas mulheres, pois sabemos o quanto é perigoso para elas o verão.

Sim, as mulheres estão sujeitas a uma grande influência do verão; no bojo do mês de janeiro elas sentem o coração lânguido, e se espreguiçam de um modo especial; seus olhos brilham devagar, elas começam a dizer uma coisa e param no meio, ficam olhando as folhas das amendoeiras como se tivessem acabado de descobrir um estranho passarinho. Seus cabelos tornam-se mais claros e às vezes os olhos também; algumas crescem imperceptivelmente meio centímetro. Estremecem quando de súbito defrontam um gato; são assaltadas por uma remota vontade de miar; e certamente, quando a tarde cai, ronronam para si mesmas.

Entregam-se a redes; é sabido, ao longo de toda a faixa tropical do globo, que as mulheres não habituadas a rede e que nelas se deitam ao crepúsculo, no estio, são perseguidas por fantasias e algumas imaginam que podem voar de uma nuvem a outra nuvem com facilidade. Sendo embaladas, elas se comprazem nesse jogo passivo e às vezes tendem a se deixar raptar, por deleite ou preguiça.

Observei uma dessas pessoas na véspera do solstício, em 20 de dezembro, quando o sol ia atingindo o primeiro ponto do Capricórnio, e a acompanhei até as imediações do Carnaval. Sentia-se que ia acontecer algo, no segundo dia da lua cheia de fevereiro; sua boca estava entreaberta: fiz um sinal aos interessados, e ela pôde ser salva.

Se realmente já chegou o outono, embora não o dia 22, me avisem. Sucederam muitas coisas; é tempo de buscar um pouco de recolhimento e pensar em fazer um poema.

Vamos atenuar os acontecimentos, e encarar com mais doçura e confiança as nossas mulheres. As que sobreviveram a este verão.
Março, 1953.

Extraído do livro "A Cidade e a Roça", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1964, pág. 27.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

O ladrão da Babilônia / The Burglar Of Babylon

O ladrão da Babilônia

Elizabeth Bishop 
(tradução de Paulo Henriques Britto)


Nos morros verdes do Rio
Há uma mancha a se espalhar:
São os pobres que vêm pro Rio
E não têm como voltar.

São milhares, são milhões,
São aves de arribação,
Que constróem ninhos frágeis
De madeira e papelão.

Parecem tão leves que um sopro
Os faria desabar
Porém grudam feito líquens
Sempre a se multiplicar,

Pois cada vez vem mais gente.
Tem o morro da Macumba,
Tem o morro da Galinha,
E o morro da Catacumba;

Tem o morro do Querosene,
O Esqueleto, o do Noronha,
Tem o morro do Pasmado
E o morro da Babilônia.

Micuçú era ladrão,
Assassino, salafrário.
Tinha fugido três vezes
Da pior penitenciária.

Dizem que nunca estuprava,
Mas matou uns quatro ou mais.
Da última vez que escapou
Feriu dois policiais.

Disseram: "Ele vai atrás da tia,
Que criou o sem-vergonha.
Ela tem uma birosca
No morro da Babilônia".

E foi mesmo lá na tia,
Beber e se despedir:
"Eu tenho que me mandar,
Os home tão vindo aí.

Eu peguei noventa anos,
Nem quero viver tudo isso!
Só quero noventa minutos,
Uma cerveja e um chouriço.

"Brigado por tudo, tia,
A senhora foi muito legal.
Vou tentar fugir dos home,
Mas sei que eu vou me dar mal".

Encontrou uma mulata
Logo na primeira esquina.
"Se tu contar que me viu
Tu vai morrer, viu, menina?"

Lá no alto tem caverna,
Tem esconderijo bom,
Tem um forte abandonado
Do tempo de Villegaignon.

Micuçú olhava o mar
E o céu, liso como um muro.
Viu um navio se afastando,
Virando um pontinho escuro,

Uma mosca na parede,
Até desaparecer
Por detrás do horizonte.
E pensou: "Eu vou morrer".

Ouvia berro de cabra,
Ouvia choro de bebê,
Via pipa rabeando,
E pensava: "Eu vou morrer".

Urubu voou bem baixo,
Micuçú gritou: "Péra aí",
Acenando com o braço,
"Que eu ainda não morri!"

Veio helicóptero do Exército
Bem atrás do urubu.
Lá dentro ele viu dois homens
Que não viram Micuçú.

Logo depois começou
Uma barulheira medonha.
Eram os soldados subindo
O morro da Babilônia

Das janelas dos barracos,
As crianças espiavam.
Nas biroscas, os fregueses
Bebiam pinga e xingavam.

Mas os soldados tinham medo
Do terrível meliante.
Um deles, num acesso de pânico,
Metralhou o comandante.

Três dos tiras acertaram
Os outros tiraram fino.
O soldado ficou histérico:
Chorava feito um menino.

O oficial deu suas ordens,
Virou pro lado, suspirou,
Entregou a alma a Deus
E os filhos ao governador.

Buscaram depressa um padre,
Que lhe deu a extrema-unção.
– Ele era de Pernambuco,
O mais moço de onze irmãos.

Queriam parar a busca,
Mas o Exército não quis.
E os soldados continuaram
A procurar o infeliz.

Os ricos, nos apartamentos,
Sem a menor cerimônia,
Apontavam seus binóculos
Pro morro da Babilônia.

Depois, à noite no mato,
Micuçú ficou de vigília,
De ouvido atento, olhando
Pro farol lá longe, na ilha,

Que olhava pra ele também,
Depois dessa noite de insônia
Estava com frio e com fome,
No morro da Babilônia.

O sol nasceu amarelo,
Feio feito um ovo cru.
Aquele sol desgraçado
Era o fim de Micuçú.

Ele via as praias brancas,
Os banhistas bem dormidos,
Com barracas e toalhas.
Mas ele era um foragido.

A praia era um formigueiro:
Toda a areia fervilhava,
E as pessoas dentro d'água
Eram cocos que boiavam.

Micuçú ouviu o pregão
Do vendedor de barraca,
E o homem do amendoim
Rodando sua matraca.

Mulheres que iam à feira
Paravam um pouco na esquina
Pra conversar com as vizinhas,
E às vezes olhavam pra cima.

Os ricos, com seus binóculos,
Voltaram às janelas abertas.
Uns subiam nos telhados
Para assistir mais de perto.

Um soldado – ainda era cedo,
Oito horas, oito e dez –
Fez mira no Micuçú
E errou pela última vez.

Micuçú ouvia o soldado
Ofegando, esbaforido,
Tentou se embrenhar no mato:
Levou uma bala no ouvido.

Ouviu um bebê chorando
E sua vista escureceu.
Um vira-lata latiu.
Então Micuçú morreu.

Tinha um revólver Taurus
E mais as roupas do corpo,
Com dois contos no bolso.
Foi tudo que acharam com o morto.

A polícia e a população
Respiraram aliviadas.
Porém na birosca a tia
Chorava desesperada.

"Eu criei ele direito,
Com carinho, com amor.
Mas não sei, desde pequeno
Micuçú nunca prestou.

"Eu e a irmã dava dinheiro,
Nunca faltou nada, não.
Por que foi que esse menino
Cismou de virar ladrão?

"Eu criei ele direito,
Mesmo aqui, nessa favela".
No balcão os homens bebiam,
Sérios, sem olhar pra ela.

Mas já fora da birosca
Comentou um dos fregueses:
"Ele era um ladrão de merda.
Foi pego mais de seis vezes".

Hoje está chovendo fino
E estão de volta os soldados,
Com fuzis metralhadoras
E capacetes molhados.

Vieram dar mais uma batida,
Só que é outro criminoso.
Mas o pobre Micuçú –
Dizem – era mais perigoso.

Nos morros verdes do Rio
Há uma mancha a se espalhar:
São os pobres que vêm pro Rio
E não têm como voltar.

Tem o morro do Querosene,
O Esqueleto, o do Noronha,
Tem o morro do Pasmado
E o morro da Babilônia.


The Burglar Of Babylon
Elizabeth Bishop


On the fair green hills of Rio
There grows a fearful stain:
The poor who come to Rio
And can't go home again.


On the hills a million people,
A million sparrows, nest,
Like a confused migration
That's had to light and rest,


Building its nests, or houses,
Out of nothing at all, or air.
You'd think a breath would end them,
They perch so lightly there.


But they cling and spread like lichen,
And people come and come.
There's one hill called the Chicken,
And one called Catacomb;


There's the hill of Kerosene,
And the hill of Skeleton,
The hill of Astonishment,
And the hill of Babylon.


Micuçú was a burglar and killer,
An enemy of society.
He had escaped three times
From the worst penitentiary.


They don't know how many he murdered
(Though they say he never raped),
And he wounded two policemen
This last time he escaped.


They said, "He'll go to his auntie,
Who raised him like a son.
She has a little drink shop
On the hill of Babylon."


He did go straight to his auntie,
And he drank a final beer.
He told her, "The soldiers are coming,
And I've got to disappear."


"Ninety years they gave me.
Who wants to live that long?
I'll settle for ninety hours,
On the hill of Babylon.


"Don't tell anyone you saw me.
I'll run as long as I can.
You were good to me, and I love you,
But I'm a doomed man."


Going out, he met a mulata
Carrying water on her head.
"If you say you saw me, daughter,
You're as good as dead."


There are caves up there, and hideouts,
And an old fort, falling down.
They used to watch for Frenchmen
From the hill of Babylon.


Below him was the ocean.
It reached far up the sky,
Flat as a wall, and on it
Were freighters passing by,


Or climbing the wall, and climbing
Till each looked like a fly,
And then fell over and vanished;
And he knew he was going to die.


He could hear the goats baa-baa-ing.
He could hear the babies cry;
Fluttering kites strained upward;
And he knew he was going to die.


A buzzard flapped so near him
He could see its naked neck.
He waved his arms and shouted,
"Not yet, my son, not yet!"


An Army helicopter
Came nosing around and in.
He could see two men inside it,
but they never spotted him.


The soldiers were all over,
On all sides of the hill,
And right against the skyline
A row of them, small and still.


Children peeked out of windows,
And men in the drink shop swore,
And spat a little cachaça
At the light cracks in the floor.


But the soldiers were nervous, even
with tommy guns in hand,
And one of them, in a panic,
Shot the officer in command.


He hit him in three places;
The other shots went wild.
The soldier had hysterics
And sobbed like a little child.


The dying man said, "Finish
The job we came here for."
he committed his soul to God
And his sons to the Governor.


They ran and got a priest,
And he died in hope of Heaven
--A man from Pernambuco,
The youngest of eleven.


They wanted to stop the search,
but the Army said, "No, go on,"
So the soldiers swarmed again
Up the hill of Babylon.


Rich people in apartments
Watched through binoculars
As long as the daylight lasted.
And all night, under the stars,


Micuçú hid in the grasses
Or sat in a little tree,
Listening for sounds, and staring
At the lighthouse out at sea.


And the lighthouse stared back at him,
til finally it was dawn.
He was soaked with dew, and hungry,
On the hill of Babylon.


The yellow sun was ugly,
Like a raw egg on a plate--
Slick from the sea. He cursed it,
For he knew it sealed his fate.


He saw the long white beaches
And people going to swim,
With towels and beach umbrellas,
But the soldiers were after him.


Far, far below, the people
Were little colored spots,
And the heads of those in swimming
Were floating coconuts.


He heard the peanut vendor
Go peep-peep on his whistle,
And the man that sells umbrellas
Swinging his watchman's rattle.


Women with market baskets
Stood on the corners and talked,
Then went on their way to market,
Gazing up as they walked.


The rich with their binoculars
Were back again, and many
Were standing on the rooftops,
Among TV antennae.


It was early, eight or eight-thirty.
He saw a soldier climb,
Looking right at him. He fired,
And missed for the last time.


He could hear the soldier panting,
Though he never got very near.
Micuçú dashed for shelter.
But he got it, behind the ear.


He heard the babies crying
Far, far away in his head,
And the mongrels barking and barking.
Then Micuçú was dead.


He had a Taurus revolver,
And just the clothes he had on,
With two contos in the pockets,
On the hill of Babylon.


The police and the populace
Heaved a sigh of relief,
But behind the counter his auntie
Wiped her eyes in grief.


"We have always been respected.
My shop is honest and clean.
I loved him, but from a baby
Micuçú was mean.


"We have always been respected.
His sister has a job.
Both of us gave him money.
Why did he have to rob?


"I raised him to be honest,
Even here, in Babylon slum."
The customers had another,
Looking serious and glum.


But one of them said to another,
When he got outside the door,
"He wasn't much of a burglar,
He got caught six times--or more."


This morning the little soldiers
are on Babylon hill again;
Their gun barrels and helmets
Shine in a gentle rain.


Micuçú is buried already.
They're after another two,
But they say they aren't as dangerous
As the poor Micuçú.




On the green hills of Rio
There grows a fearful stain:
The poor who come to Rio
And can't go home again.


There's the hill of Kerosene,
And the hill of the Skeleton,
The hill of Astonishment,
And the hill of Babylon.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Sonetilho de verão

Traído pelas palavras.
O mundo não tem conserto.
Meu coração se agonia.
Minha alma se escalavra.
Meu corpo não liga não.
A idéia resiste ao verso,
o verso recusa a rima,
a rima afronta a razão
e a razão desatina.
Desejo manda lembranças.


O poema não deu certo.
A vida não deu em nada.
Não há deus. Não há esperança.
Amanhã deve dar praia.



Paulo Henriques Britto

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Vive as vidas, uma a uma

Vive as vidas, uma a uma,
sem os sonhos confundir;
eu vou para baixo, para cima,
sou outro, sem outro ser.

Paul Celan
Tradução de João Barrento

Leb die Leben, leb sie alle,
halt die Träume auseinander,
sieh, ich steige, sieh, ich falle,
bin ein andrer, bin kein andrer.


CELAN, Paul. A morte é uma flor. Poemas do espólio Edição bilingue. Tradução, posfácio e notas de João Barrento. Lisboa: Cotovia, 1998

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Ando Precisada de Música

Ando precisada de música que deflua
sobre meus dedos irritados, sensíveis,
sobre meus lábios bronzeados, flexíveis,
com profunda melodia, clara e lenta grua.
Ah, a lenitiva ginga, lenta e crua,
de uma canção para acalmar os fartos mortos,
uma canção caindo como água sobre os corpos
crispando braços, sonho que à chama se gradua!

Há uma mágica feita pela melodia:
um feitiço dolente, e fôlego quieto, e frio
peito, que mergulha fundo por murcha cor
para a subaquática calma da baía,
e flutua sempiterno num lago lunar-frágil,
nos braços do ritmo e do torpor.

Elizabeth Bishop
Tradução de Paulo Henriques Britto


I Am in Need of Music


I am in need of music that would flow
Over my fretful, feeling fingertips,
Over my bitter-tainted, trembling lips,
With melody, deep, clear, and liquid-slow.
Oh, for the healing swaying, old and low,
Of some song sung to rest the tired dead,
A song to fall like water on my head,
And over quivering limbs, dream flushed to glow!


There is a magic made by melody:
A spell of rest, and quiet breath, and cool
Heart, that sinks through fading colors deep
To the subaqueous stillness of the sea,
And floats forever in a moon-green pool,
Held in the arms of rhythm and of sleep.


Elizabeth Bishop

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A rosa doente / The sick rose

Ó Rosa, estás doente!
Um verme pela treva
Voa invisivelmente
O vento que uiva o leva

Ao velado veludo
Do fundo do teu centro:
Seu escuro amor mudo
Te rói desde dentro.

William Blake

Tradução: Augusto de Campos



The sick rose

O Rose, thou art sick!
The invisible worm
That flies in the night,
In the howling storm,

Has found out thy bed
Of crimson joy,
And his dark secret love
Does thy life destroy.

William Blake

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Consoada

Quando a Indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável),
Talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
- Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com seus sortilégios.)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.

Manuel Bandeira